REDEMOCRATIZAÇÃO E ABERTURA POLÍTICA NO BRASIL
Após mais de 20 anos de ditadura militar, o Brasil passou por um processo de abertura política e reintegração das instituições democráticas, em um período chamado de redemocratização.
A ditadura militar, instaurada em 1964, foi responsável por uma forte
censura e opressão aos direitos democráticos. A redemocratização foi o momento
na história do país em que esses direitos foram reconquistados e houve a
transição do governo militar para o governo civil.
Como foi a Ditadura Militar no Brasil?
A ditadura militar no Brasil foi marcada por governos autoritários que
tiveram início com o Golpe Militar de 1964 e duraram até o ano de 1985. O Golpe
Militar de 1964 destituiu o então presidente João Goulart do poder e instaurou
importantes transformações nos panoramas sociais, políticos, econômicos e
culturais no país.
Os quase 21 anos de sucessivos governos militares foram marcados por:
- · restrição de direitos políticos
- · forte censura aos meios de comunicação e culturais
- · intensa perseguição policial aos opositores do Regime, envolvendo inúmeros casos de tortura e assassinatos.
Como um regime ditatorial, esses governos promulgaram medidas que
ampliaram o Poder Executivo em detrimento do Poder Judiciário e Legislativo.
Depois de mais de 10 anos de regime militar no país - passando pela
presidência os militares Castelo Branco, Costa e Silva, Emílio Médici e Geisel
- o governo ditatorial começou a perder força, já no final da década de 1970.
Abertura política
A Abertura Política foi o nome dado a uma série de ações cujo objetivo
era realizar uma transição lenta, gradual e segura para a democracia nos
últimos dois mandatos do regime militar no Brasil.
Entre os anos de 1964 e 1974 o regime militar esteve na mão de três
generais e viveu seu período de maior endurecimento. A partir da edição de uma
série de Atos Institucionais, Castelo Branco, Costa e Silva e Médici promoveram
o combate aos partidos, militantes e organizações de esquerda através da
censura, da perseguição política e até mesmo da tortura e da execução. Devido
ao prolongamento daquilo que deveria ter sido uma rápida intervenção do
Exército e tornou-se uma longa ditadura, diversos movimentos de resistência
surgiram em busca do retorno à democracia no país. O embate entre governo e
oposição durante esses anos foi marcado por diversos episódios, tais como as
greves de Contagem e Osasco, as manifestações da União dos Estudantes (UNE) e a
atuação de diferentes grupos de guerrilha urbana (como a Aliança Nacional
Libertadora - ANL) e rural (como a Vanguarda Popular Revolucionária - VPR), sem
contar com a participação de expressiva ala da Igreja Católica.
Após esse período e em contexto de coexistência pacífica, os Estados
Unidos da América passaram a defender a abertura política das ditaduras
latino-americanas – algumas que governos anteriores norte-americanos haviam
apoiado, como a brasileira.
Abertura lenta, gradual e segura
O slogan que marcou a abertura política foi cunhado durante o governo
Geisel, que pretendia realizar o processo de retorno à democracia de forma
"lenta, gradual e segura". Lenta porque não havia consenso nas Forças
Armadas quanto à abertura política. A ala mais radical da linha-dura demonstrou
por diversas vezes que não concordava com o processo e atentados terroristas
contra instituições e militantes de esquerda demonstram a dificuldade desse
grupo em lidar com o processo de abertura. A mais marcante dentre as ações de
resistência da linha-dura foi o atentado ao Riocentro, em 1981, sobre o qual os
militares tentaram, de forma frustrada, colocar a culpa em militantes de
esquerda. Gradual porque, como demonstrou o Pacote de Abril, não era ainda hora
dos militares abrirem mão das eleições indiretas para prefeitos, governadores e
para o presidente da república. Nossa democracia era parcial e somente seria
plena após a Constituição de 1988. Segura porque procurou garantir o controle
do crescimento da esquerda no poder, evitando que o processo de transição
permitisse a eclosão de uma revolução como se havia visto em Cuba e China. Além
disso, trataram de dificultar a veiculação das propostas dos candidatos da
oposição através da Lei Falcão. O retorno à democracia deveria garantir também
a isenção dos militares de seus crimes praticados durante o regime, o que foi
feito através da Lei de Anistia, aprovada no Governo de João Figueiredo e que,
ao anistiar os condenados por crimes políticos, também anistiou os militares e
agentes que operaram de forma ilegal durante a ditadura.
O que aconteceu no fim da Ditadura Militar?
A divulgação dos crimes de tortura da ditadura começaram a aumentar a
rejeição ao regime político. Além disso, o fim do “milagre econômico” -
crescimento relativo da economia e do aumento do poder de compra da classe
média - tornou o governo ainda mais impopular.
Os militares, portanto, propuseram uma abertura “lenta, gradual e
segura”, onde muito demoradamente os direitos foram devolvidos à população.
Durante o governo de Ernesto Geisel, algumas mudanças foram sendo feitas no
cenário político, como a substituição do AI-5 por salvaguardas constitucionais
e o restabelecimento de relações diplomáticas entre o Brasil e países de regime
comunista.
Em 1979, o presidente militar João Figueiredo promoveu os seguintes
atos:
- · revogação do AI-5
- · anistia aos presos políticos e exilados
- · fim do bipartidarismo.
As greves de 1978 e os movimentos estudantis contribuíram muito com o
enfraquecimento do regime e levaram a população a se manifestar em 1984, com a
reivindicação da realização de eleições diretas para o Presidente da República,
as Diretas Já.
Os protestos de artistas, políticos, setores civis, estudantes e
trabalhadores pelas Diretas Já não obtiveram sucesso. As eleições não foram
diretas e sim realizadas pelo Colégio Eleitoral, que escolheu Tancredo Neves
como novo presidente do Brasil. Entretanto, Tancredo faleceu antes de assumir o
cargo, levando à posse de José Sarney, o primeiro presidente civil depois de 21
anos de Regime Militar.
Governos Civis Pós-Ditadura no Brasil: caminho para a
Redemocratização
Os governos civis que vieram após a Ditadura Militar tiveram que lidar
com a desigualdade social, o endividamento e a inflação herdados desse período
anterior. A nova fase política no país foi marcada por inúmeras tentativas de
ajustes e pela inserção do país na lógica da globalização e do neoliberalismo.
Fernando Collor (1990-1992);
- Itamar Franco (1992-1994);*
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002);
Luís Inácio Lula da Silva, o Lula (2003-2010);
Dilma Rousseff (2011-2016);
- Michel Temer (2016-2018);*
Jair Bolsonaro (2019-atual);
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