PAN-AFRICANISMO - A RESISTÊNCIA DE UM CONTINENTE


 "Pan-africanismo é o nome dado a uma ideologia que acredita que a união dos povos de todos os países do continente africano na luta contra o preconceito racial e os problemas sociais é uma alternativa para tentar resolvê-los.

A partir dessa ideologia foi criada a Organização de Unidade Africana (1963), que tem sido divulgada e apoiada, majoritariamente, por afrodescendentes que vivem fora da África.

Dentre as propostas da ideologia está a estruturação social do continente por meio de um remanejamento étnico na África, unindo grupos separados e separando grupos rivais, por exemplo, tendo em vista que isso aconteceu durante a divisão continental imposta pelos colonizadores europeus. Além do resgate de práticas religiosas, como culto aos ancestrais e incentivo ao uso de línguas nativas, anteriormente proibidos pelos colonizadores.

Na realidade, o pan-africanismo é um movimento de caráter social, filosófico e político, que visa promover a defesa dos direitos do povo africano, constituindo um único Estado soberano para africanos que vivem ou não na África.

Os principais idealizadores da teoria pan-africanista foram Edward Burghardt Du Bois e Marcus Musiah Garvey.

No ano de 2002 instituiu-se de maneira oficial a União Africana em substituição à Organização da Unidade Africana. No ano seguinte, a união tomou iniciativas agressivas em relação a possíveis soluções para as crises da região, além de incentivar a integração entre os países.

O objetivo da União Africana é implantar um continente livre para a circulação de pessoas, um Parlamento continental, um tribunal pan-africano e um Banco Central, para que no futuro possa circular uma moeda única, intenções pautadas nos moldes da União Europeia.

O fortalecimento da África no século XXI requer um enorme esforço, tendo em vista que o continente é assolado pela pobreza, miséria, guerras, doenças, corrupção. Portanto, erguer esse continente é um grande desafio e, por isso, o agrupamento dos países pode trazer resultados positivos."

A ideologia Pan-africanista surgiu de um sentimento de solidariedade e consciência de uma origem comum entre os negros do Caribe e dos Estados Unidos. Ambos estavam envolvidos numa luta semelhante contra a violenta segregação racial. Essa solidariedade que marcou a segunda metade do séc. 19 propôs a união de todos os povos da África como forma de potencializar a voz do continente no contexto internacional.

O termo Pan-africanismo foi cunhado pela primeira vez por Sylvester Willians, advogado negro de Trinidad, por ocasião de uma conferência de intelectuais negros realizada em Londres, em 1900. Willians levantava sua voz contra a expropriação das terras dos negros sul-africanos pelos europeus e conclamava o direito dos negros à sua própria personalidade.

Essa reivindicação propiciou o surgimento de uma consciência africana que começou a se expressar a partir do I Congresso Pan-africano, organizado em Paris, em 1919, sob a liderança de Du Bois. Naquela época, Du Bois profetizou que o racismo seria um problema central no século 20 e reivindicou um Código Internacional que garantisse, na África tropical, o direito dos nativos, bem como um plano gradual que conduzisse à emancipação final das colônias.

Repercussão – Após o primeiro, foram realizados outros quatro congressos pan-africanos. No último, foi tratado de aclamar a necessidade da formação de movimentos nacionalistas de massas para obterem a independência da África o mais rápido possível. No Brasil, o Congresso de Cultura Negra realizado a partir da década de 1970 foi o principal reflexo do movimento.

O ativista Abdias Nascimento foi o difusor da importância do Pan-africanismo no país. Considerado um dos maiores defensores da cultura e igualdade para as populações afrodescendentes, ele conseguiu resultados positivos a partir de suas iniciativas na defesa e na inclusão dos direitos dos negros.

A partir das lutas marcadas pelo pan-africanismo, na contemporaneidade o Governo Brasileiro trabalha alternativas políticas e ações afirmativas que garantam a melhoria da qualidade de vida da população afrodescendente. O principal objetivo é o alcance da democracia. O maior desafio continua a ser o racismo. Porém, com um olhar mais sensível, o Estado passa superar os obstáculos do desenvolvimento democrático

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