A PASSEATA DOS CEM MIL - 1968
PASSEATA DOS CEM MIL
Durante o ano de 1968, a ditadura
militar sofreu com uma série de levantes populares que demonstraram a
insatisfação com o regime militar e ocasionaram a edição do AI-5, em dezembro
daquele ano. Uma dessas manifestações foi chamada de Passeata dos Cem Mil,
ocorrida em 26 de junho em decorrência da morte do estudante secundarista Édson
Luis de Lima Souto.
AS MANIFESTAÇÕES POPULARES E A
REPRESSÃO POLICIAL
Em 1968 diversas manifestações
populares, como as greves de Contagem e de Osasco, levaram a radicalização do
regime militar que via em tais atos sinais do avanço do comunismo no país.
Diversas manifestações estudantis
também ocorreram naquele ano, nenhuma com mais repercussão do que o protesto
estudantil devido ao atraso das obras no restaurante universitário Calabouço.
Apesar de servir péssima comida, o preço era acessível a grande parte dos
estudantes naquele contexto de política de arrocho salarial promovido pelos
militares. Durante a manifestação, a polícia chegou de forma truculenta e
acabou matando a queima roupa o estudante. Sua morte causou comoção nacional e
seguiram-se dias de protestos por diversas cidades do país.
A PASSEATA E O APOIO POPULAR
Em 26 de junho foi marcada a
manifestação, permitida pela polícia devido às más repercussões acerca do
conflito entre militares e estudantes em outra manifestação cinco dias antes
que foi chamada pela imprensa de "sexta-feira sangrenta".
Os manifestantes se concentraram
na Avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, e saíram dali às 14h em
marcha em direção à Igreja da Candelária, onde havia acontecido a missa de
protesto contra a morte do estudante. Ao chegar na Igreja, o líder estudantil,
Vladimir Palmeira fez um discurso em protesto contra a ditadura militar,
relembrando a morte do estudante. Mais tarde, preso e torturado, Vladimir foi
um dos quinze presos políticos enviados ao México no episódio do sequestro do
embaixador Charles Elbrick, em 1969.
Portando faixas com dizeres
contrários à ditadura, o grupo chegou a cerca de 100 mil manifestantes. Com
duração de aproximadamente três horas, a passeata foi encerrada sem confronto
policial às portas da Assembleia Legislativa.
Dessa forma, a Passeata dos Cem
Mil, como ficou conhecida, foi considerada uma manifestação que demonstrou aos
militares a maturidade dos manifestantes em torno da luta contra o regime
militar e a insatisfação popular diante dos métodos utilizados para reprimir
qualquer um que fosse contrário às decisões do governo.
Apoiadas por intelectuais,
artistas, estudantes, políticos de esquerda, organizações sindicais e
paramilitares, além de parte da Igreja Católica, as manifestações estudantis de
1968 balançaram a segurança dos militares quanto ao apoio da população à manutenção
da ditadura no país, o que foi respondido, em 13 de dezembro daquele ano com a
edição do AI-5 e o fechamento do Congresso Nacional.
Bibliografia:
PAES, Maria Helena Simões. Em
nome da Segurança Nacional: do golpe de 64 ao início da abertura. São Paulo:
Atual, 1995.
SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING,
Heloisa M. No fio da navalha: ditadura, oposição e resistência. In: Brasil: uma
biografia. São Paulo: Cia das Letras, 2015, p. 437-466.
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