A POLÍTICA BRASILEIRA NO PERÍODO REGENCIAL
A política brasileira durante o
Período Regencial
Marcado por intensa disputa política, o Período Regencial constituiu o momento de transição de governo até a posse de D. Pedro II ao trono brasileiro.
O Período Regencial foi a transição entre o Primeiro e o Segundo Reinados e estendeu-se de 1831 até 1840. O governo regencial foi constituído porque, logo após D. Pedro I abdicar ao trono brasileiro em 1831, seu herdeiro, Pedro de Alcântara, possuía apenas cinco anos. Esse período foi marcado por disputas políticas e rebeliões que se espalharam pelas províncias brasileiras
Abdicação de D. Pedro I
O Período Regencial teve início
logo após a abdicação de D. Pedro I, em abril de 1831, em favor de seu filho. A
causa dessa renúncia estava associada ao grande desgaste da relação com as
classes políticas brasileiras, que estavam insatisfeitas com as medidas
autoritárias e centralizadoras do imperador.
Além do autoritarismo de D.
Pedro I, a Guerra da Cisplatina e os seus impactos negativos na economia
brasileira, e também eventos isolados como o assassinato do jornalista
Líbero Badaró, contribuíram para intensificar essa insatisfação e levaram a
fortes desentendimentos entre os opositores e os defensores do imperador.
Pressionado politicamente, e em
um clima de acirramento de ânimos, o imperador optou por abdicar do trono
brasileiro em favor de seu filho, Pedro de Alcântara. Seu filho tinha apenas
cinco anos e, pela lei brasileira, não poderia assumir antes que completasse 18
anos. Assim, era necessário a realização de um período regencial para que essa
transição acontecesse.
Período Regencial
O Período Regencial, conforme
vimos, foi realizado como uma transição até que D. Pedro II completasse a idade
mínima – 18 anos – para assumir o trono brasileiro. Esse período, no entanto,
terminou antes do previsto, uma vez que os políticos brasileiros anteciparam a
maioridade de D. Pedro II e permitiram que ele assumisse como imperador aos 14
anos em 1840.
O Período Regencial estendeu-se
de 1831 a 1840 e foi organizado da seguinte maneira:
·
Regência Trina Provisória
(1831);
·
Regência Trina Permanente (1831-1835);
·
Regência Uma de Feijó (1835-1837);
·
Regência Uma de Araújo de Lima (1837-1840).
Ao longo desse período, houve
grande instabilidade no Brasil, pois existia uma intensa disputa entre grupos
políticos pelo poder. Além disso, uma série de revoltas provinciais espalhava-se
e ameaçava a integridade territorial do país.
Os três grandes grupos políticos
do Período Regencial foram:
Liberais exaltados |
Liberais moderados |
Restauradores |
Os liberais exaltados eram defensores
ardorosos do federalismo, isto é, de ceder autonomia para as províncias.
Parte desse grupo era monarquista e a outra parte republicanista. |
Os liberais moderados eram monarquistas que
defendiam a posse de D. Pedro II. No entanto, os moderados defendiam que os
poderes do imperador fossem limitados. |
Os restauradores eram defensores do retorno
de D. Pedro I ao trono brasileiro. Esse grupo enfraqueceu-se depois que D.
Pedro I faleceu em 1834. |
Apoiados pelas classes médias urbanas e por
grupos rurais do Nordeste e Sul. |
Apoiados pelos grandes proprietários do
Sudeste brasileiro. |
Apoiados por grandes comerciantes, em geral
portugueses. |
Cipriano Barata era um representante de
destaque. |
Padre Feijó era um representante de
destaque. |
José Bonifácio era um representante de
destaque. |
Esses grupos disputaram o poder
intensamente durante o período regencial e tomaram algumas ações importantes.
No período das regências trinas, destacou-se a criação da Guarda
Nacional em 1831, que consistia em um corpo armado de cidadãos com
direito ao voto. Outro destaque foi a criação do Código de Processo
Criminal, em 1832, que instituiu o habeas corpus,
por exemplo.
A grande medida tomada durante
as regências trinas, e que possibilitou o início do período das regências unas,
foi o Ato Adicional aprovado em 1834. Primeiramente, esse Ato substituiu a
Regência Trina pela Regência Una, estipulando que o representante ao cargo de
regente do Brasil seria escolhido por eleição direta e secreta.
Além disso, o Ato Adicional
possibilitou a criação de Assembleia Provinciais, que davam novas atribuições
para as províncias brasileiras. As províncias podiam, a partir dessa medida,
criar impostos próprios, nomear e demitir funcionários públicos etc. Isso
representou uma grande vitória para os exaltados, uma vez que era consistente
com seu projeto de permitir maior autonomia para as províncias.
Essa ação também contribuiu para
que as disputas políticas internas das províncias fossem acirradas, pois o Ato
Adicional concedeu poderes políticos que até então não existiam. Isso acabou
possibilitando a eclosão de rebeliões provinciais em diferentes partes do país,
tais como a Balaiada; Cabanagem; Farroupilha, etc.
No entanto, é importante
reforçar que essas rebeliões provinciais não foram ocasionadas apenas por
disputas políticas internas. Havia também outros fatores que contribuíram para
o surgimento de cada uma delas, como a insatisfação com a desigualdade social
ou com as medidas governamentais etc.
O período das Regências Unas foi
iniciado com a posse de Padre Antônio Diogo Feijó ao cargo de
regente do Brasil. O Padre Feijó, como é comumente conhecido, assumiu a função
após derrotar Holanda Cavalcanti com pouco mais de 2800 votos. Ele manteve-se
na função até 1837, quando renunciou ao cargo, forçando a realização de novas
eleições.
O sucessor de Feijó – que também
derrotou Holanda Cavalcanti – foi Pedro de Araújo Lima, que assumiu
a função no mesmo ano (1837), iniciando um momento político conhecido como “regresso”.
Esse período ficou caracterizado pela reversão de todas as medidas
descentralizadoras realizadas durante a regência de Feijó sob a influência dos
exaltados.
Nessa época, o fortalecimento
político das alas conservadoras levou à aprovação da Lei Interpretativa
do Ato Adicional, em 1840, que teve como principal ação a revogação das
liberdades concedidas para as províncias, o que representou, portanto, uma nova
centralização do poder político no Brasil.
Politicamente, os grupos que
disputavam o poder no país sofreram alterações em seus quadros a partir de
1834, originando duas forças hegemônicas que polarizaram a política brasileira
durante o Segundo Reinado: liberais e conservadores.
O grupo dos liberais surgiu da fusão de políticos moderados com o grupo dos
liberais exaltados, e o grupo dos conservadores foi formado com a fusão da
outra parte dos políticos moderados com os restauradores.
O fortalecimento dos
conservadores na política e a grande instabilidade que o Brasil vivia,
principalmente por conta das rebeliões provinciais, fizeram com que os liberais
criassem um discurso que defendia a posse antecipada de D. Pedro II como
imperador do Brasil. Esse discurso foi bem recebido, então, liberais e
conservadores uniram-se e realizaram o Golpe da Maioridade que, em 1840,
adiantou a maioridade de D. Pedro II, coroando-o como imperador do Brasil aos
14 anos.
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