Cronologia da luta pelo reconhecimento étnico povos tupinambá

 

1920-1930. O processo de luta pelo reconhecimento do território, habitado tradicionalmente pelos Tupinambá de Olivença, como Terra Indígena começou na década de 1930 com a “revolta de Marcelino”, envolvendo contatos com o Serviço de Proteção ao Índio (SPI).

 

Década 1980. No início da década de 1980 dois índios de Olivença foram à Funai em Brasília, para reivindicar os direitos de seu povo à terra. O relatório feito para a Funai pela historiadora Maria Hilda Paraíso, em 1989, indica a tradicionalidade da ocupação do território pelos Tupinambá.

 

Década de 1990. Vários documentos no arquivo da Funai alertam para a existência de índios na região de Olivença e evidenciam solicitações para o envio de antropólogos à região de Olivença para reconhecer a comunidade indígena.

 

Agosto de 1997. Os Tupinambá de Olivença participaram de encontros com os povos do sul e extremo sul da Bahia (em Eunápolis). Foi considerada a necessidade de reconhecimento de sua terra indígena. Os índios de Olivença conheceram então os Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe. Na seqüência desses encontros, no final de setembro de 1997, ocorreu uma reunião em Olivença com a presença de um representante da Diretoria Regional da Funai da Bahia. Esta reunião deu origem a um documento enviado por essa diretoria à Funai de Brasília, o qual reforçou a urgência em se deslocar um antropólogo à região para reconhecer a comunidade indígena. O documento vem seguido de uma lista de assinaturas dos índios presentes na reunião.

 

Janeiro de 2000. Uma mulher tupinambá de Olivença organizou uma viagem para os índios de Olivença participarem do Seminário Indígena, que ocorreu em Porto Seguro em abril de 2000, onde se reuniram indígenas de todo o Brasil. Este evento teve um papel importante na mobilização dos Tupinambá pelo reconhecimento de seu território.

 

A partir de 2000-2001. Aumento da frequência e consistência dos pedidos dos Tupinambá para a realização dos estudos de identificação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença.

 

2001. Aconteceu o evento “Caminhado do Cururupe”, também conhecido por Caminhada dos Mártires Tupinambá ou Caminhada do Marcelino. Trata-se de uma invocação dos momentos históricos de massacres e revoltas dos Tupinambá de Olivença. Em primeiro lugar, houve o massacre ocorrido no século 16, no âmbito da chamada “Guerra dos Ilhéus”; e em segundo as lutas do caboclo Marcelino ocorridas na década de 1930, em parte junto ao rio Cururupe, onde ele e sua família residiam e de onde foram expulsos. Nesta Caminhada, os Tupinambá de Olivença vestiram indumentárias de taboa para marcar a situação de luta pelos seus direitos indígenas.

 

Agosto de 2003. No âmbito do trabalho de campo do GT da Funai para o levantamento preliminar da Terra Indígena, foi testemunhado que os fazendeiros haviam feito ameaças de despedir os índios que estivessem envolvidos no


“movimento” ou “processo” de reivindicação de Terra Indígena. Membros da equipe técnica da Funai sofreram ameaças de morte da parte de fazendeiros.

 

2004-2008. Os Tupinambá de Olivença se organizaram no sentido de reivindicar junto à Funai o término do trabalho de identificação da terra indígena. Entre o conjunto de solicitações, tiveram numerosas cartas, pedidos de reunião com o presidente da Funai e ações de pressão, entre as quais se destacam as “retomadas”. Tais ações sempre foram justificadas à Funai (por meio de documentos assinados pelas lideranças indígenas) como uma forma pressionar e acelerar a conclusão dos trabalhos de identificação e delimitação da terra.

 

Outubro de 2008. 180 policiais vindos de Salvador, acompanhados por vários helicópteros e carros, expulsaram violentamente os Tupinambá de Olivença que estavam ocupando as áreas “retomadas”. A imprensa regional fortaleceu as difamações contra lideranças tupinambá.

 

2009. Em abril foi publicado, no Diário Oficial da União, o resumo da demarcação da Terra Indígena Tupinambá de Olivença. A imprensa regional e nacional intensifica a publicação de matérias difamatórias contra os Tupinambá, que conseguem sobreviver na região e manter suas aldeias, mesmo sofrendo fortes pressões.

 

2010. Lideranças indígenas foram presas em Salvador.

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