O SEGUNDO REINADO NO BRASIL (RESUMO)
O que foi o Segundo Reinado?
O
Segundo Reinado foi o último período da monarquia no Brasil. Iniciou-se em 1840
com o Golpe da Maioridade e encerrou-se em 1889 com a Proclamação da República.
O
imperador era D. Pedro II e ele permaneceu no poder por 49 anos. Durante este
tempo, houve muitas mudanças e revoltas no país.
Resumo
do Segundo Reinado
Principais
características do Segundo Reinado:
Em
23 de julho de 1840, D. Pedro II foi coroado imperador aos 14 anos de idade;
A
política brasileira era controlada pelo Partido Liberal e pelo Partido
Conservador;
O
sistema político do Segundo Reinado ficou conhecido como parlamentarismo às
avessas;
O
café foi estabelecido como o principal produto brasileiro;
Entre
1840 e 1860, ocorreu a Era Mauá, um período de prosperidade brasileira;
Em
13 de maio de 1888, pelas mãos da Princesa Isabel, foi assinada a Lei Áurea.
Assim, ocorreu a abolição da escravatura;
Entre
1864 e 1870, ocorreu a Guerra do Paraguai, o maior conflito da América Latina,
no qual o Brasil estava envolvido;
Em
15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da República por meio de um golpe
dos militares positivistas.
O
Segundo Reinado pode ser estudado separadamente em três momentos:
·
Consolidação (1840-1850): o imperador se
estabelece no poder a seu modo, ainda buscando controlar as revoltas do Período
Regencial;
·
Auge (1850-1865): o poder de D. Pedro II
estava consolidado;
·
Declínio (1865-1889): surgem as contestações
contra o imperador.
Mais
detalhes de vários eventos deste período da história do Brasil Império serão
abordados abaixo.
Contexto
– O fim do Primeiro Reinado e a transição para D. Pedro II
D.
Pedro I havia abdicado do trono brasileiro em 7 de abril de 1831. Voltou para
Portugal a fim de vencer seu irmão D. Miguel e recuperar o trono português para
sua filha, Maria da Glória.
Por
esta razão, deixou no Brasil seu filho, Pedro de Alcântara, de apenas 5 anos de
idade. Portanto, como ele não poderia governar por ser menor de idade, iniciou-se
o Período Regencial.
Como
foi o Período Regencial?
O
tutor deixado por D. Pedro I para seu filho foi seu antigo mentor, amigo e
ministro brasileiro: José Bonifácio. Ele se tornou responsável por ensinar a D.
Pedro II os valores para governar bem.
Ensinava
à sua maneira. O pequeno Pedro aprendia sobre botânica entre as plantas, sobre
zoologia entre os animais e sobre astronomia no observatório. Bonifácio ensinava
mesclando teoria e prática, levando seu aluno à experimentação.
Desde
este período já era ensinado que o povo brasileiro era a liga de todas as
raças, um povo mestiço.
D.
Pedro II também aprendeu muitos idiomas. Foi ensinado a amar o conhecimento e a
amar a terra onde tinha nascido, o Brasil.
Mesmo
sendo um bom tutor, o método de Bonifácio não agradava a todos e alguns queriam
retirá-lo de sua posição de regente. Membros da corte alegavam que ele criava
D. Pedro II como se fosse um selvagem.
José
Bonifácio também foi acusado de crimes políticos. Com acusações deste tipo, ele
foi afastado do cargo de tutor. Ele resistiu, mas acabou sendo substituído. O
novo tutor escolhido foi Manuel Inácio de Andrade Souto Maior, o marquês de
Itanhaém.
Enquanto
tudo isso acontecia, havia disputas entre o Partido Liberal e o Partido
Conservador.
Política
– Liberais e conservadores no Brasil Império
Para
entender como foi o Segundo Reinado, é preciso compreender como se dava a
disputa entre conservadores e liberais. Estes foram grupos formados durante a
regência e se estenderam até mesmo quando ela terminou.
Antes
de mais nada, os partidos naquela época não eram como são conhecidos hoje. O
nome apenas diz respeito a um grupo de pessoas que seguia uma linha de
pensamento semelhante para a política nacional.
O
Partido Liberal não queria um imperador com o poder concentrado em suas mãos.
Preferia o poder concentrado em cada estado. Seus partidários eram conhecidos
como os luzia;
O
Partido Conservador, por outro lado, queria o poder centralizado na figura do
imperador. Seus partidários eram conhecidos como os saquarema.
Para
os liberais, a monarquia era um ataque à liberdade.
Para
os conservadores, a monarquia significava a defesa dessa mesma liberdade.
Segundo eles, o poder concentrado nas mãos do imperador evitava que as
oligarquias locais dominassem.
Apesar
da descrição dessas diferenças, mesmo naquela época, percebia-se que os
partidos não eram tão opostos e que as divergências eram menores do que
aparentavam. Uma frase comum da época era a seguinte:
“Nada
mais conservador que um liberal no poder”.
Outro
aspecto importante da política do Segundo Reinado era o modo de funcionamento
da monarquia.
O
que foi o parlamentarismo às avessas?
O
Brasil funcionava como uma monarquia parlamentarista. D. Pedro II implementou o
parlamentarismo em 1847, mas ele tinha o poder de interferir na política sempre
que quisesse e assim garantir seus interesses.
Ele
mesmo era a personificação do poder moderador e podia interferir nos poderes
legislativo, executivo e judiciário. Podia mudar o primeiro-ministro, caso não
o agradasse. O mesmo podia ser feito em relação à câmara, que podia ser
dissolvida.
Foi
chamado de parlamentarismo às avessas porque na Inglaterra, por exemplo, o
primeiro-ministro era o deputado do partido mais votado. No Brasil, o imperador
o escolhia.
E
as disputas não eram apenas verbais. Antes do Segundo Reinado, muitos conflitos
ocorriam enquanto D. Pedro II era menor de idade.
Embora
a história do Brasil esteja repleta de heróis e feitos marcantes, grande parte
do ensino moderno não aborda esses episódios com a devida atenção. Para mudar
isso, a Brasil Paralelo está oferecendo gratuitamente um e-book didático da
História do Brasil - não perca essa oportunidade!
Quais
foram as principais revoltas no Período Regencial?
As
principais revoltas foram:
·
Cabanagem;
·
Guerra dos Farrapos ou Farroupilha;
·
Revolta dos Malês;
·
Sabinada;
·
Balaiada.
Estas
revoltas foram o fruto de uma tentativa prematura de desagregar-se do império.
Foram 9 anos com 10 pequenas guerras civis em diferentes regiões brasileiras.
Em
18 de setembro de 1835, no Rio Grande do Sul, as assembleias provinciais
receberam mais poder e autonomia. Os responsáveis por isso foram os membros do
Partido Liberal. Como se fortaleceram, resolveram não mais querer submeter-se
ao Império do Brasil.
A
isto somou-se o imposto sobre o chá. No parlamento, não havia representação dos
riograndenses.
Para
depor o presidente da província, alguns militares e civis atacaram Porto
Alegre, porque queriam alguém a serviço dos interesses do Rio Grande do Sul.
Com
esta falta de controle no território nacional, Diogo Feijó renunciou ao cargo
de tutor. Foi substituído por um conservador: Araújo Lima. Em 1838, ele pôs fim
às políticas que geraram as revoltas.
Para
reduzir a instabilidade no país, era preciso retornar com uma figura central no
poder.
O
golpe da maioridade e o início do Segundo Reinado
Os
liberais, ao perceberem que estavam perdendo espaço, promoveram o golpe da
maioridade. Até mesmo os conservadores o aceitaram. Ambas as partes concordaram
que o imperador era o verdadeiro símbolo da unidade da Pátria.
Em
18 de julho de 1841, ocorreu a coroação do novo Imperador Constitucional e
Defensor Perpétuo do Brasil: D. Pedro II, com apenas 14 anos de idade. Houve
aprovação popular e também do Congresso.
Embora
o nome golpe esteja presente na maior parte dos livros de história, ele é
impróprio, pois para ser um golpe propriamente dito, deveria ocorrer sem a
aprovação do povo.
Entretanto,
D. Pedro II ainda precisava amadurecer mais e casar-se com alguma princesa de
uma família real europeia.
O
Reino das Duas Sicílias lhe ofereceu a mão da Princesa Tereza Cristina. D.
Pedro II aceitou e eles se casaram. O primeiro filho dos dois morreu prematuro.
Na sequência tiveram uma menina. A nova herdeira era a Princesa Isabel.
Ainda
assim o problema da Farroupilha persistia. Por isso, D. Pedro II enviou um de
seus ministros para acabar com a revolução. Luiz Alves Lima e Silva, o futuro
Duque de Caxias, conseguiu. Atuou diplomaticamente ao conseguir a assinatura de
tratados de paz.
O
sucesso foi tão grande que a província do Sul, agora unificada, indicou Luiz
Alves ao cargo de Senador.
Naquela
época, o imperador escolhia apenas o primeiro-ministro (presidente do conselho
de ministros). Era sua responsabilidade escolher os outros ministros entre
liberais e conservadores.
Se
D. Pedro II percebesse que o ministério não estivesse indo bem, poderia trocar
o grupo. Foi este formato que garantiu que o Brasil não passasse por tiranias
republicanas. Isto aconteceu em países vizinhos como Argentina, Peru, México e
outros, onde muitos massacres ocorreram.
Revoltas
do Segundo Reinado
Em
relação ao período anterior, com D. Pedro II no poder, os conflitos internos
foram menores. Algumas revoltas, no entanto, foram:
·
A Revolução Praieira, 1848-1850, em
Pernambuco;
·
A Revolta dos Muckers, 1873-1874, no Rio
Grande do Sul;
·
A Revolta dos Quebra-Quilos, 1872-1877, no
Nordeste.
As
revoltas foram poucas e no Segundo Reinado houve crescimento econômico. Um
nome, especialmente, foi o maior destaque.
Economia
– A expansão cafeeira e a Era Mauá
Sem
dúvida, o café recebeu o maior foco do Segundo Reinado. Havia três grandes
zonas produtoras de café no Brasil:
·
Vale do Paraíba (RJ/SP);
·
Oeste Paulista (SP);
·
Zona da Mata (MG).
A
produção teve início no Vale do Paraíba e dependia de mão de obra escrava. Com
a abolição em 1888, imigrantes começaram a chegar no país para trabalhar nas
lavouras.
Quem
foi o Barão de Mauá?
A
pessoa do Barão de Mauá foi a personificação do progresso. Ele foi o maior
empresário que o Brasil já conheceu. Pregava o regime salarial e gerava
negócios.
Foi
no Segundo Reinado que surgiram as ferrovias, a iluminação a gás, o encanamento
de esgoto e a indústria naval. Os espaços urbanos foram renovados com ruas
largas, hospitais, prisões, pontes, elevadores e túneis. A cidade crescia e
evoluía.
Os
portos que mais se desenvolveram foram o de Santos e o do Rio de Janeiro.
Pouco
a pouco a mão de obra escrava foi sendo transformada em assalariada. Havia
estabilidade política e no final do século XIX a economia estava forte.
As
principais capitais contavam com linhas telegráficas e o imaginário popular
também era colorido pela música e pela literatura. Foi neste cenário que
algumas personalidades se tornaram muito conhecidas.
Exemplos
de grandes brasileiros que se destacaram no Segundo Reinado
D.
Pedro II era um intelectual sensível, valorizava as artes e era poliglota. Para
ele, a importância do debate democrático estava na liberdade de expressão.
Sendo assim, propunha que a imprensa fosse combatida pela própria imprensa.
Ele
também defendia os valores do estudo, da liberdade, gostava de novas
tecnologias e da ciência. Devido a esta sensibilidade, o imperador e sua esposa
financiaram os estudos de um menino talentoso.
Na
Brasil Paralelo, e especialmente na série A Última Cruzada, os professores
entrevistados resgatam os nomes e obras dos brasileiros que muitas vezes passam
despercebidos.
Entretanto,
devido à contribuição que legaram, não deveriam ser esquecidos.
Carlos
Gomes
Antônio
Carlos Gomes foi um brasileiro que se destacou nacional e internacionalmente.
Nasceu pobre, mas foi escolhido por D. Pedro II por causa de seu talento
musical.
A
imperatriz defendia que Carlos Gomes deveria estudar na França. O imperador,
por outro lado, preferia que fosse na Alemanha. De qualquer forma, ele foi
financiado.
Acabou
preferindo a Itália, desenvolveu sua técnica e sua primeira apresentação,
chamada O Guarani, tornou o Brasil conhecido e participante da grande Cultura
Ocidental. Ele mostrou que seu país não era apenas uma grande selva.
A
arte vanguardista de Carlos Gomes mostrou ao mundo que o Brasil também se
destacava nas artes.
Ao
retornar, apresentou aos brasileiros sua composição, O Guarani. A família real
estava na plateia e ele foi muito aplaudido.
Machado
de Assis
Outro
brasileiro que se destacou foi Joaquim Maria Machado de Assis, um mulato pobre
que vivia no Morro do Livramento. Ele se desenvolveu mesmo sendo órfão e
frequentava o Gabinete Real de Leitura.
Era
uma exceção. Não tinha nome de família, posses ou formação. Como estava
envolvido com as grandes questões do Brasil, ele as problematizava e as
humanizava.
Machado
de Assis tinha uma angústia humana, não social. Ele perguntava-se porque havia
nascido e não porque era negro, por exemplo. Assim, tornou-se um dos principais
escritores brasileiros, com várias obras consagradas, incluindo novelas,
contos, crônicas e poemas.
Joaquim
Nabuco
Um
terceiro nome que merece ser destacado no período do Segundo Reinado foi
Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo. Ele nasceu em um ambiente
aristocrático, ligado à elite econômica.
Certo
dia, enquanto comia frutas ao lado de sua madrinha, assistiu à cena de um
escravo que pedia o acolhimento dela, que tinha fama de ser boa senhora.
Ele
viu naquilo um clamor. Este episódio mudou sua vida e foi decisivo para sua
formação política. Ele percebeu que sua missão era com os escravos e com os
problemas sociais do país.
Já
adulto, defendia os escravos. Foi para o exterior estudar. Quando retornou ao
Rio de Janeiro, era diplomata, advogado, católico e abolicionista. Entretanto,
antes da libertação dos escravos, alguns conflitos ainda os envolveriam.
A
Guerra do Paraguai no Segundo Reinado
O
Rio Prata já havia sido um problema no Primeiro Reinado, sendo um dos motivos
da Guerra da Cisplatina. No Segundo Reinado, a crise foi gerada pela disputa de
poder entre dois partidos uruguaios: colorados e blancos.
Em
busca de maior protagonismo na região, o Paraguai apoiou os blancos. Por outro
lado, D. Pedro II apoiou os colorados, junto com a Argentina.
Naquela
época, o Paraguai era governado pelo ditador Solano López. Ele tinha ideais
expansionistas e era odiado pela população. Uma de suas ações foi sequestrar o
presidente da província de Mato Grosso junto com seu secretário. Ambos foram
presos e morreram de fome na prisão.
A
guerra foi iniciada pelo Paraguai. O conflito durou de 1864 a 1870. Desta vez,
foi formada uma tríplice aliança contra o Paraguai e não contra o Brasil.
D.
Pedro II precisou fortalecer o exército brasileiro para esta guerra. Criou a
Unidade Militar dos Voluntários da Pátria. Ele mesmo queria estar presente no
front, mas foi impedido pelo Conselho de Estado.
Mesmo
não podendo ir como imperador, foi como voluntário da Pátria. Era conhecido
como o voluntário número um.
Deodoro
da Fonseca, na época major, também estava presente. Por seu destaque e atos de
bravura, tornou-se marechal e também o novo presidente da província do Rio
Grande do Sul.
O
Brasil perdeu mais de 50.000 combatentes; o Paraguai, por sua vez, perdeu mais
da metade de sua população. Em 1870, o ditador paraguaio foi morto durante a
guerra. Com isso, o maior conflito da América do Sul chegou ao fim.
A
vitória na Guerra do Paraguai foi o ponto alto do progresso brasileiro.
Surgiram indústrias, bancos e usinas. O desenvolvimento era financiado por
empreendedores locais. Durante o Segundo Reinado, já existiam brasileiros mais
ricos do que a família real.
No
entanto, o Brasil vivia o declínio da produção açucareira. O café, por outro
lado, estava em ascensão no centro-sul.
Ao
mesmo tempo, o Brasil se envolveu em mais uma polêmica.
Questão
Christie (1863-1865)
A
Questão Christie envolveu incidentes com britânicos em solo brasileiro. Eles
não poderiam ser julgados pelos tribunais nacionais, mesmo que cometessem algum
crime contra o Império do Brasil.
Entretanto,
no Rio de Janeiro, houve problemas entre marinheiros e oficiais britânicos. Uma
fragata britânica invadiu o porto do Rio de Janeiro e confiscou cinco barcos.
Os
brasileiros pediram que os responsáveis respondessem à justiça em solo brasileiro
e também uma indenização. Os britânicos recusaram e as relações diplomáticas
foram rompidas por dois anos.
Resta
ainda abordar os problemas envolvendo o trono e o altar, D. Pedro II e a Igreja
Católica.
A
questão religiosa no Segundo Reinado
D.
Pedro II fez do Brasil um protagonista mundial durante o Segundo Reinado.
Estabilizou a economia com retidão fiscal. Contudo, na questão religiosa, ele
perdeu o apoio da Igreja e da coroa.
De
acordo com a Constituição de 1824, a Igreja Católica era a oficial do Império.
Havia duas formas previstas da relação Estado-Igreja:
·
Beneplácito (o imperador aceitava ou não o
conteúdo promulgado pelos papas nas bulas oficiais);
·
Padroado (o Estado tinha a responsabilidade de
gerir a Igreja).
Como
descrito, o imperador tinha o poder de sancionar ou não as bulas papais.
Justamente em uma dessas bulas, o Papa Pio IX proibiu o casamento de católicos
e maçons. D. Pedro II não aceitou.
Quando o fez, não esperava que enfrentaria a oposição do bispo de
Olinda, Dom Vital. Ele recusou-se a fazer um casamento entre um católico e um
maçom e isto foi um escândalo.
Em
1873, Dom Vital escreveu uma carta pastoral negando a legitimidade do
beneplácito. Por causa disso, incorreu em dois crimes:
·
Recorrer a uma entidade estrangeira (o papa);
·
Desobedecer às ordens do imperador.
D.
Pedro II mandou prender Dom Vital, submetendo-o a trabalhos forçados. Por esta
razão, os fiéis começaram a se voltar contra o imperador. Este foi um dos
fatores que levariam à queda da monarquia no Brasil e, consequentemente, ao fim
do Segundo Reinado.
O
conflito foi tão grande que o primeiro-ministro teve que ser substituído. O
escolhido foi Duque de Caxias e sua condição para aceitar o cargo foi que os
bispos tivessem anistia incondicional.
Eles
foram libertados e desculpados, mas o descontentamento já havia sido criado.
Outro foco que geraria problemas envolvia os negros.
Abolição
da escravatura no Segundo Reinado
Para
D. Pedro II e a Princesa Isabel, a questão abolicionista sempre foi uma
constante. O imperador, por exemplo, tentava conquistar a mudança na
mentalidade escravocrata aos poucos.
Pessoalmente,
ele fez repressão ao tráfico e não trazia consigo escravos. Como não havia
fiscalização, foram consideradas medidas “para inglês ver”.
A
fiscalização começou com Eusébio de Queiroz, em 1850. Proibiu o tráfico
negreiro no país. A abolição era uma questão de tempo, pois sem novos escravos,
o esquema escravocrata tendia a acabar.
Na
sequência:
Lei
do Ventre Livre (1871): o recém-nascido de uma escrava era liberto, mas
enquanto não fizesse 21 anos, permanecia tutelado pela mãe e trabalhando para
seu senhor;
Lei
do Sexagenário (1887): escravos com mais de 65 anos de idade foram libertados.
Poucos alcançaram esta idade.
Os
escravos que lutaram pelo Brasil na guerra contra o Paraguai também foram
alforriados.
A
opinião pública e a classe política estavam divididas. Havia os que eram
contrários e os que eram favoráveis à abolição da escravatura. Outros,
defendiam a libertação dos negros de forma gradual, a fim de evitar uma guerra
civil, como a que foi vista nos EUA.
Neste
meio tempo, D. Pedro II que estava doente, recebeu recomendações médicas para
tratamento na Europa. Ele deixou o Brasil nas mãos de sua filha antes de partir.
O
poder estava agora nas mãos de uma mulher abolicionista, a Princesa Isabel. Em
13 de maio de 1888 foi assinada a Lei Áurea, proibindo a escravidão.
Quando
estava prestes a assinar a lei de abolição da escravatura, ela foi avisada de
que também poderia estar assinando a queda da monarquia no Brasil, fazendo
daquele, o Último Reinado.
Em
resposta, ela disse que aceitaria pagar qualquer preço pela libertação do povo.
Era
aniversário de D. João VI, o dia em que sua bisneta assinava a abolição. Houve
festividade durante uma semana comemorando a igualdade de todos perante a lei.
Machado
de Assis disse que era a única vez que via um delírio público. Devido a este
feito, a Princesa Isabel recebeu a Rosa de Ouro do Papa Leão XIII, sendo a
única brasileira a receber esta honraria.
1889
– A Proclamação da República, a queda da monarquia no Brasil e o fim do Segundo
Reinado
Os
militares estavam descontentes com D. Pedro II. Eles voltaram da Guerra do
Paraguai ressentidos com o pouco status que tinham entre os brasileiros. Não
havia promoções ou aumentos salariais.
Além
destes, os donos dos escravos estavam descontentes com a abolição da
escravidão. A eles se uniram os fiéis católicos e uma parte considerável do
clero contra o imperador.
A
influência do positivismo
O
positivismo francês entrou no Brasil através dos militares e ganhava espaço
junto com o federalismo de inspiração norte-americana. Havia a defesa do fim
das tradições monárquicas, pois a sociedade deveria ser racional, científica e
planejada por tecnocratas.
Sua
vontade era a de apagar o passado.
Os
republicanos, os positivistas, disseminavam suas ideias o máximo que podiam. A
população, no entanto, não aceitava e eles não conseguiam se eleger.
A
única forma que pensavam para conseguir chegar ao poder era através de um golpe
militar. O que podia impedi-lo seria a marinha, fiel à monarquia. A esperança
foi transferida para o Marechal Deodoro da Fonseca.
Como
foi o golpe dos republicanos?
O
Major Sólon Ribeiro fez circular uma história falsa com o propósito de
convencer Deodoro a se rebelar. Era preciso esta artimanha, pois ele era amigo
pessoal de D. Pedro II.
A
mentira era dizer que o imperador tinha mandado prender o marechal e Benjamim
Constant. Os boatos funcionaram e as tropas se rebelaram.
O
Marechal Deodoro da Fonseca expulsou o primeiro-ministro. O exército, sem apoio
popular, tirou um ministro do cargo. Queria que o golpe fosse rápido, para
aproveitar a insatisfação existente por causa da abolição da escravatura.
Entretanto,
Deodoro voltou para casa e não se falava nem mesmo da queda da monarquia no
Brasil.
Os
revolucionários escreveram uma Moção da Proclamação da República com o marechal
sendo o Chefe do Governo Provisório. Mas ele não queria assiná-la por ser amigo
de D. Pedro II.
Os
revolucionários contaram mais uma mentira. Disseram-lhe que o imperador havia
escolhido Silveira Martins para ser o ministro de Ouro Preto.
O
Marechal Deodoro da Fonseca não aceitaria este ministro porque havia perdido
para ele um afeto amoroso.
Foram
à câmara municipal e fizeram uma declaração pública e solene. Assim, em 15 de
novembro, o Brasil foi proclamado República e o Segundo Reinado chegou ao fim.
No
início, a bandeira republicana parecia com a dos Estados Unidos, mas em verde e
amarelo. Isto foi um golpe, não uma revolução. Partiu do alto escalão do
exército. Seria uma revolução se tivesse origem fora dos setores de poder do
Estado.
D.
Pedro II estava em Petrópolis quando recebeu a ligação com as notícias. Os
republicanos lhe deram apenas 24 horas para que deixasse o país. Mesmo assim,
temendo o apoio do povo, seu embarque foi antecipado.
A
família real retornou a Portugal de madrugada. Assim, tem-se a queda da
monarquia no Brasil.
A
Proclamação da República nasceu sem o apoio do povo brasileiro, que nem mesmo
se deu conta. Aristides Lobo disse o seguinte sobre isso:
“Rio
de Janeiro, 15 de novembro de 1889.
Eu
quisera poder dar a esta data a denominação seguinte: 15 de novembro, primeiro
ano de República; mas não posso infelizmente fazê-lo. O que se fez é um degrau,
talvez nem tanto, para o advento da grande era.
Em
todo o caso, o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a
responsabilidade do poder tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à
liberdade.
Como
trabalho de saneamento, a obra é edificante. Por ora, a cor do Governo é
puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi deles, deles só, porque a
colaboração do elemento civil foi quase nula.
O
povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que
significava.
Muitos
acreditaram seriamente estar vendo uma parada.
Era
um fenômeno digno de ver-se.
O
entusiasmo veio depois, veio mesmo lentamente, quebrando o enleio dos
espíritos.
Pude
ver a sangue-frio tudo aquilo.
Mas
voltemos ao fato da ação ou do papel governamental. Estamos em presença de um
esboço, rude, incompleto, completamente amorfo.
Bom,
não posso ir além; estou fatigadíssimo, e só lhe posso dizer estas quatro
palavras, que já são históricas.
Acaba
de me dizer o Glycerio que esta carta foi escrita, na palestra com ele e com
outro correligionário, o Benjamim de Vallonga.
E
no meio desse verdadeiro turbilhão que me arrebata, há uma dor que punge e
exige o seu lugar – a necessidade de deixar temporariamente, eu o espero, o
Diário Popular.
Mas
o que fazer? O Diário que me perdoe; não fui eu; foram os acontecimentos
violentos que nos separaram de momento.
Adeus.
Aristides
Lobo”
D.
Pedro II morreu em 5 de dezembro de 1891 em Paris, na França. Em seu suspiro
final, disse a todos:
“Deus
me conceda esses últimos desejos – paz e prosperidade para o Brasil…”
Posteriormente,
encontraram um pacote lacrado no qual constava-se:
“É
terra de meu país; desejo que seja posta no meu caixão, se eu morrer fora de
minha pátria”.
Curiosidade:
o nome completo de D. Pedro II era Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo
Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael
Gonzaga.
Comentários
Postar um comentário